terça-feira, 9 de agosto de 2011

Alerta ligado as Abelhas estão sumindo ...

Desaparecimento de abelhas, principais agentes polinizadores, deixa cientistas preocupados. Um assunto tem dominado os principais órgãos de imprensa dos Estados Unidos: o desaparecimento das abelhas. O fato provoca prejuízos de bilhões de dólares aos agricultores, responsáveis por 2,4 milhões de colméias, informa o jornal The New York Times. A principal preocupação dos produtores não é com a queda da produtividade, mas com os perigos futuros: a abelha é uma das principais responsáveis pela polinização das plantas.
De acordo com Maria José Oliveira de Faria Almeida, presidente da Associação dos Apicultores do Estado de Goiás (API-GO), estes insetos são fundamentais para a humanidade. "As abelhas são essenciais na agricultura. Existe uma teoria que afirma: o desaparecimento das abelhas comprometeria a vida na Terra. Sem polinização, perdemos a capacidade produtiva dos alimentos. E sem comida ocorre a fome", diz.
Maria José escreveu dissertação e tese de mestrado e doutorado a partir dos estudos sobre abelhas. Suas investigações variam em torno da polinização e biologia das abelhas, além de estudos sobre parasitas destes insetos. Ela explica que o mistério do desaparecimento na Europa e Estados Unidos é, de fato, uma incógnita científica para pesquisadores. Ela explica que a espécie Apis mellifera, protagonista dos desaparecimentos nos Estados Unidos, é a mesma que produz o mel no país.
O apicultor José Maria de Almeida informa que as abelhas estão desaparecendo desde novembro do ano passado. "Temos acompanhado com atenção o drama em grupos de discussão", diz. Problemas envolvendo colméias locais ocorrem ocasionalmente, mas sem ligação direta com os episódios que causam estragos nos 25 Estados americanos. Há três anos, José Maria, por exemplo, perdeu metade das abelhas que habitavam 80 das suas colméias. Uma das principais suspeitas recai no pólen do fruto barbatimão, que seria tóxico para os animais.
A questão americana é diferente. As abelhas simplesmente desaparecem e não deixam uma única suspeita, mas várias. Maria José explica que as abelhas envolvidas no mistério são campeiras - as coletoras de alimentos, caso de pólen e néctar. "Elas não aparecem mortas. A incógnita é que simplesmente desaparecem. As operárias apresentam uma desorientação e não retornam mais para as colméias, onde ficam as rainhas", explica a doutora.
Uso de celulares - A especialista no comportamento das abelhas conta que pode existir uma série de fatores para explicar o desaparecimento destes insetos. Uso de defensivos agrícolas, aquecimento global e até mesmo ondas eletromagnéticas provocadas pela utilização de celulares podem estar na lista de causas. A teoria mais forte recai na hipótese de que algum parasita desconhecido esteja atacando os animais.
O americano Greg Mucky, proprietário da fazenda Terra Viva em Corralitos, na Califórnia, afirma ao Diário da Manhã, por telefone, que os animais estão desaparecendo de forma cada vez mais rápida. "Temos bom pólen, boa reserva, ótimo clima. E, de repente, elas somem", afirma. Pela observação de Greg, a reclamação é generalizada entre produtores de mel do centro da Califórnia e região da Bay Area, próxima a San Francisco.
Maria José diz que o desaparecimento já recebeu até mesmo um nome para identificar o fenômeno: Desordem de Colapso de Colônias (CCD, em inglês). Ela não acredita que o problema possa chegar de imediato no Brasil, mas também não descarta a possibilidade. "É preciso primeiro saber bem o que está acontecendo."

Cerrado sentiria impacto
Ely Manoel de Souza é um dos produtores de mel em Itauçu (75 km de Goiânia). A cidade é uma das principais produtoras de mel no Estado. A partir de parceria da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás (Semarh) e prefeitura, a cidade goiana tornou-se pólo produtor de mel. Diversas famílias integram uma cooperativa para tocar o projeto Mel do Cerrado. Ely explica que o mel gera riquezas e melhora o meio ambiente. "Passamos a preservar mais e cuidar das áreas degradadas. Essa aproximação com a abelha nos proporciona essa conscientização", fala.
Ele teme que o problema do desaparecimento súbito das abelhas chegue no Brasil. "Só em Itauçu, temos 22 famílias que produzem mel", informa. Na sua opinião, a agressão ao meio ambiente pode ser uma das causas do desaparecimento dos insetos. "Isso já vem ocorrendo por conta do impacto ambiental. O desmatamento é uma das causas da exclusão das abelhas", diz o produtor.
Treinados pela zootecnista Narcisa Andréia de Souza, o grupo de Itauçu aprendeu a tratar e lidar com as abelhas da região de forma sustentável. Segundo a doutora Maria José Oliveira, a produção que respeita os limites da natureza e uso correto de defensivos agrícolas pode funcionar para a manutenção equilibrada da vida destes animais.
As abelhas fabricantes de mel (Apis mellifera) são diferentes das indígenas. Estas não são boas produtoras, mas essenciais para a manutenção do equilíbrio natural do Cerrado. A pesquisadora Maria José Oliveira cita o caso das abelhas da cidade de Jataí (Tetragonisca angustula), também chamada de "abelha indígena sem ferrão", como elemento essencial no bioma goiano. Diversos estudos acadêmicos indicam o poder desse inseto no trabalho de polinização dos frutos do Cerrado.

Fique por dentro



De olho no celular
Segundo cientistas, abelhas perdem a orientação quando se aproximam de aparelho celular. Estudos indicam que radiações emitidas e sinais das telecomunicações sem fio modificam o sistema de navegação dos insetos. Sem isso, abelhas não conseguem localizar colméias e realizar o processo de acasalamento. O episódio chamado de Colony Collapse Disorder (CCD) é caracterizado pelo desaparecimento inesperado dos insetos

Insetos inteligentes
# As abelhas têm grande senso de direção e respondem rapidamente se atacam o enxame
# Perseguem intrusos por 400 m ou mais e conseguem sentir vibrações no ar até a distância de cerca de 30 metros da colméia
# Estabelecem colméias em cavidades pequenas e em áreas protegidas, como caixas, latas e baldes vazios, carros abandonados, madeira empilhada, moirões de cercas, galhos e ocos de árvores
# As abelhas africanas descendem das sul-africanas. Elas foram importadas em 1956 por brasileiros para melhorar produção
# Em 1957, em São Paulo, alguns enxames escaparam das colméias de africanas e espalharam-se pelo País. Por isso, parte do Brasil é hoje povoado pela africana, de grande capacidade produtiva, mas agressiva. Criadores dos EUA temem estas espécies, que se misturaram com a Apis no Brasil

Fonte: www.ufrrj.br

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