sábado, 31 de dezembro de 2011

Fazenda se torna referência em agricultura verde

Com a integração lavoura-pecuária-floresta e o plantio direto, fazenda melhora a qualidade do solo, recupera seus pastos e se torna uma vitrine de sustentabilidade no setor

por Texto Viviane Taguchi | Fotos Ernesto de Souza
Ernesto de Souza
Marize Porto Costa, proprietária da fazenda Santa Brigida, em Ipameri, no interior de Goiás
A pequena cidade de Ipameri, em Goiás, anda recebendo visitantes ilustres. Ex-ministros da agricultura, especialistas em meio ambiente, empresários, investidores e até vice-presidente de banco, vira e mexe, aparecem por lá. Mas a cidade não tem águas quentes, como a vizinha Caldas Novas, nem é berço de dupla sertaneja, como Goiânia, distante 190 quilômetros. O que chama a atenção de gente tão importante em Ipameri é a Fazenda Santa Brígida, outrora uma propriedade repleta de pastos degradados, baixa produtividade e altos custos – hoje, uma fazenda referência em manejo sustentável e que produz com eficiência nos 12 meses do ano, inclusive no auge da seca no Cerrado. “Isso aqui era só cupim”, resume a proprietária, a dentista Marize Porto Costa, responsável pela mudança e que até pouco tempo atrás, confessa, nada sabia sobre agropecuária. “Era como um bicho de sete cabeças”, lembra. Marize assumiu o negócio em 2002, depois de ficar viúva. Antes disso, ia muito pouco à Santa Brígida, uma fazenda de pecuária de corte com 960 hectares. “Os custos eram altíssimos e a produtividade do rebanho muito baixa. Quase me descabelei pensando em como iria pagar as contas, e tudo piorou quando vi como custava caro recuperar pastagens pelo sistema tradicional”, diz. As incertezas administrativas da doutora Marize na época deram o que falar em Ipameri. Até uma bolsa de apostas foi firmada entre os produtores da redondeza – a maioria homens -, que não botavam fé na nova fazendeira. Os desafios giravam em torno de “ou ela vende ou ela quebra”, e nunca “ela vai conseguir”.
A jogada de mestre de Marize foi procurar a Embrapa, em Goiânia, em 2005. Com a cara e a coragem, bateu na porta de Homero Aidar, chefe da Embrapa Arroz e Feijão, falecido no ano passado, e a ele contou seu dilema. “Ele me deu um livro sobre integração lavoura-pecuária (ILP), e fui me interessando pelo tema, embora sem conhecer nada sobre agricultura. Achei a teoria fantástica e percebi que havia sim uma saída mais econômica”, conta. Também foi Aidar quem apresentou Marize ao pesquisador João Kluthcouski, o João K, e aí tudo começou a mudar na Santa Brígida. “O João K disse que faríamos tudo ao contrário do que a maioria dos pecuaristas faz. Então, começamos a construir fertilidade nessas terras.” Marize acreditou que poderia dar certo e fazia tudo o que João K mandava: revirou o pasto para destruir os cupinzeiros usando tratores velhos – e, como ela mesma diz, que caíam aos pedaços; depois, corrigiu a acidez dos solos para plantar soja no pasto. Percebeu, então, que as sucatas sob rodas não dariam conta do trabalho e, de novo, foi bater na porta de alguém para pedir ajuda. Desta vez, foi na Tatu Marchesan e na John Deere. “Eu já tinha um não. No máximo, sairia de lá com um sim.” E foi o que aconteceu. Depois de contar aos diretores das revendas o que pretendia fazer na fazenda, recebeu apoio, em máquinas e implementos com desconto, para avançar com o projeto. Dos fazendeiros da região ela continuava recebendo olhares duvidosos.
Ernesto de Souza
O pesquisador João K e o corredor que integra lavoura, pecuária e floresta
Em um ano, com a venda da colheita de soja, Marize pagou parte do investimento. Na mesma área, João K plantou sorgo. Ele chama esse processo de sucessão. Quando o sorgo cresceu, o gado voltou para o pasto, engordou e saiu de novo. “Foi aí que entramos com o consórcio de braquiária e milho. Enquanto o milho crescia, a braquiária promovia a vascularização do solo, melhorando suas condições, pois suas raízes são condutoras de nutrientes”, explica João K. “Após a colheita de milho, que gerou liquidez, o gado retornou para o pasto, no inverno, e engordou com um custo baixo, em torno de R$ 1,50 por hectare por dia, enquanto no confinamento custaria R$ 6.” Roberto Freitas é o engenheiro agrônomo que acompanha todo o processo da Santa Brígida no dia a dia. Ele explica que a integração é uma evolução do Sistema de Plantio Direto (SPD), que é quando a palha permanece cobrindo o solo e outra espécie é semeada. “É um processo simples e que melhora a qualidade do solo”, diz. Segundo o agrônomo, o SPD e a ILP promovem benefícios vitais na terra, como a ciclagem de nutrientes, que ocorre por conta da grande quantidade de matéria orgânica acumulada, a formação de uma barreira natural para controlar plantas daninhas e doenças e a erosão natural, provocada por chuva e vento. “Antes, plantávamos em terras limpas. Hoje, percebemos que, quanto mais coberto o solo estiver com a palha, mais qualidade ele vai ter e menos vamos gastar.” Na Santa Brígida, o uso de herbicidas é ínfimo, já que a palha que fica no solo combate naturalmente uma série de doenças, como o mofo branco da soja. Todas as embalagens de defensivos usadas na fazenda são descartadas seguindo as regras do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, o Inpev. “Tudo o que entra volta para seu devido lugar”, diz Marize. Em 2011, Goiás devolveu 2,6 mil toneladas de embalagens de forma correta.
Ernesto de Souza
O descarte correto das embalagens usadas de agrotóxicos
João K explica que a ILP pode ser aplicada em qualquer região do Brasil, que tem em torno de 100 milhões de hectares de pastos degradados. “A integração não escolhe solo, clima nem tamanho de área”, diz. Segundo ele, as opções de plantios consorciados são adaptadas conforme a região e o grau de degradação do solo. “Pelo menos duas espécies se adaptam em cada região. É possível recuperar com soja, que exige um investimento maior, mas tem produtividade inicial alta, de 50 sacas por hectare, e garante liquidez. Mas há opções com arroz e feijão.” Segundo o pesquisador, existem no Brasil cerca de 3 milhões de hectares com ILP. “Ainda é pouco, mas, se inseríssemos a integração em pelo menos metade da área total de pastos degradados, o país conseguiria triplicar a produção de grãos sem avançar sobre novas áreas agrícolas”, afirma.
O primeiro ciclo de ILP na Santa Brígida está quase terminando e 600 hectares estão recuperados, 50% cultivados com soja, 50% com milho e braquiária. Na safra 2010/2011, foram colhidas 35 mil sacas de milho e 20 mil de soja. O hectare de pastagem passou a render em torno de R$ 500, enquanto que antes não passava de R$ 100. A bolsa de apostas em Ipameri perdeu força. Muitos fazendeiros tiraram o time de campo ao ver que a doutora estava pagando as contas em dia, produzindo grãos no verão e tinha pasto no inverno, coisa rara no Cerrado – e, pior, o que eles não tinham. Mas outra ideia de João K deixaria os vizinhos encafifados. Marize começaria a fazer um investimento de longo prazo: plantar floresta. “Aí que me chamaram de maluca mesmo. Eucalipto aqui era apenas para barrar vento”, lembra.
Ernesto de Souza
O rebanho da Santa Brígida retorna ao pasto no inverno para engordar a custo baixo
Por toda a fazenda existem fileiras paralelas de eucaliptos. Cada dupla de alas é separada por uma área de 24 metros na qual, no verão, tem milho e braquiária e, no inverno, pasto verde. “Em setembro, quando a seca atinge o auge, a Santa Brígida está verde, o gado gordo, se refestelando na sombra da árvore. Ele engorda em média 1,3 quilo por dia”, explica Anábio Ribeiro, gerente da fazenda. Segundo ele, com a introdução da ILPF, a propriedade passou a produzir o ano todo. “Temos nove colheitas na mesma área, em um ciclo de oito anos: colhemos grãos duas a três vezes, temos de cinco a seis safras bovinas e uma rentável colheita de madeira no final”, explica. Marize ainda não colheu a madeira, e isso vai acontecer em 2012. Se ela vender a safra como lenha, a forma menos valorizada do mercado, já terá lucro de R$ 1 mil por hectare. “Todo o ciclo tem liquidez garantida”, afirma. João K diz que o eucalipto foi escolhido pela precocidade. “Em seis anos, você colhe a madeira, mas é possível obter bons resultados com nim-indiano, mogno-africano, pinus, teca, entre outras. A diferença é o tempo de maturação.” A única restrição para as árvores é que o gado não pode pastar na área plantada no primeiro ano. “Elas estão frágeis e o gado pode pisotear ou quebrar os troncos”, diz João K.
A Santa Brígida tornou-se vitrine tecnológica e sustentável da Embrapa, e a doutora Marize passou a entender muito sobre agronegócio, embora afirme que é apenas uma aprendiz. Ela já tem outras três propriedades rurais na região e foi a primeira produtora rural a obter crédito do Programa de Agricultura de Baixo Carbono, do governo federal. O fato levou à Ipameri o vice-presidente do Banco do Brasil, Osmar Dias, e o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que seguiu, passo a passo, o trabalho dela para também tentar um empréstimo. E novamente o burburinho em torno da fazendeira se fez presente na cidade. Mas, desta vez, sem apostas.

Fonte:GloboRural

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nutrição Vegetal : Lodo de esgoto é usado como fertilizante

Depois de higienizado, material é fonte de nitrogênio ainda mais barata que adubos orgânicos convencionais
Com o objetivo de gerar mais uma alternativa de adubação orgânica aos agricultores, sendo esta ainda mais barata, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), lançaram no início de dezembro, o primeiro Manual de Uso Agrícola e Disposição do Lodo de Esgoto para o Estado do Espírito Santo. A ideia é utilizar o lodo de esgoto ou biossólido como fertilizante para fins agrícolas e florestais, já que ele é rico em matéria orgânica e em nutrientes para as plantas.

— O lodo de esgoto passa por um tratamento que gera dois resíduos: o resíduo líquido e o sólido. O resíduo sólido é denominado lodo de esgoto, cujo trabalho está sendo desenvolvido para a utilização na agricultura. O objetivo é suprir as deficiências nutricionais das plantas e adicionar matéria orgânica ao solo — afirma Adelaide Costa, pesquisadora do Incaper.

Segundo ela, toda cultura precisa de uma complementação de nutrientes para atender às necessidades das plantas, levando sempre em consideração as características do solo. Essa aplicação pode ser feita com adubo tradicional ou orgânico.

— Os adubos orgânicos mais utilizados na agricultura são o esterco de curral e de galinha. O lodo de esgoto higienizado entra como uma nova alternativa à adubação orgânica e reposição nutricional para as plantas — conta a pesquisadora.

Adelaide diz ainda que, em termos econômicos, a adubação orgânica tem um valor bem menor que o adubo químico tradicional. Já comparando os adubos orgânicos tradicionais com o lodo de esgoto, os trabalhos do Incaper mostraram que o preço do material proveniente do lodo é 50% mais barato.

—Para que esse lodo seja disponibilizado para a agricultura, é necessário um processo de higienização que leva o número de microorganismos a um nível que não comprometa a saúde da população — explica ela.

Para Adelaide, o lodo pode substituir completamente os adubos orgânicos, pois a base da adubação orgânica é o nitrogênio. No entanto, há a necessidade de complementação com outros nutrientes, como o fósforo e o potássio, por exemplo.

— O resultado da pesquisa já está concluído e a indicação já é feita para o Espírito Santo. Sendo assim, a Cesan começará a preparar os materiais a serem distribuídos aos produtores. A ideia é que essa proposta se estenda a todo o Brasil — conta.


Para mais informações, basta entrar em contato com a Incaper através do número (27) 3636-9888 ou do link http://www.incaper.es.gov.br/noticia_completa.php?id=1972.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Variedades de milho ganham novo regulamento técnico

Grão do tipo pipoca foi diferenciado do padrão geral. Regras serão aplicadas a partir de julho do próximo ano

As variedades mais comuns de milho e o cereal conhecido como pipoca tiveram estabelecidos novos regulamentos técnicos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os padrões estão descritos nas Instruções Normativas nº 60 e 61, publicadas na sexta-feira, 23 de dezembro, no Diário Oficial da União (DOU).

A legislação se refere aos grãos provenientes da espécie Zea mays L. e da subespécie mays (pipoca). O principal objetivo das regras é definir o padrão oficial de classificação do milho, considerando seus requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem, nos aspectos referentes à identificação do produto.

O padrão técnico de classificação do cereal existia desde 1978, mas não distinguia o milho pipoca das demais variedades. Como esse tipo de grão tem características diferentes e necessita de outros critérios e instrumentos para avaliação, o Ministério da Agricultura decidiu criar uma norma exclusiva para o grão pipoca.

O principal requisito de qualidade do milho dessa variedade é a sua capacidade de expansão (relação entre o volume de pipoca estourada e o peso de grãos utilizado, expresso em ml/g) para se transformar em pipoca, quando submetido à temperatura de aproximadamente 180ºC.

Para uniformizar os critérios de classificação, a área técnica competente da pasta poderá elaborar um referencial fotográfico, identificando e caracterizando os requisitos de qualidade que servirão de base para a classificação do milho pipoca, previstos nessas normas. Ambas entrarão em vigor no dia 1º de julho de 2012.

Fonte:g1

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Comercialização da Produção Agrícola

Desde que o homem começou a produzir gêneros agrícolas visando vender e lucrar com a sua produção, existe o problema da comercialização. No início, havia a troca ou escambo da safra, depois, a venda com pagamento em dinheiro ou preciosidades como ouro ou prata. Independente do modo de comercialização, a venda sempre apresentou suas complicações. Os valores de mercado, muitas vezes, não são justos com os produtores que, por sua vez, podem aproveitar valores maiores quando a produção é escassa.

Nos dias de hoje, existem cotações, índices variações de mercado constantes. Numa economia globalizada, quando a produção de um produto em um país que seja grande exportador diminui, o preço da mercadoria aumenta imediatamente em todo o mundo e quando há super safras, o preço "despenca". O agricultor comum não pode controlar nem influenciar essas flutuações de mercado, portanto o que pode ser feito é sempre procurar o melhor negócio para sua produção, o que não costuma ser fácil.

Os agricultores iniciantes sempre encontram dificuldades em escoar sua produção. Para solucionar esse problema, devem seguir alguns passos básicos, tentando vender e encontrar um valor razoável para a sua safra.

Em primeiro lugar, deve procurar se informar como os produtores da região costumam fazer, para quem eles costumam vender. O segundo passo é procurar se filiar à uma cooperativa de produtores, onde poderá manter contato com outros produtores e encontrar assessoria para suas dúvidas técnicas e de comercialização. Algumas cooperativas comercializam a produção de seus cooperados e, muitas vezes, são elas que efetivamente compram as produções, por já manterem relações com grandes compradores que dependem da produção vendida pela cooperativa. Além disso, as cooperativas são responsáveis por uma grande parte das exportações feitas no País. De uma maneira geral, o agricultor deve "fugir" do atravessador, aquele intermediário que compra a produção e a revende nas grandes cidades, muitas vezes, diretamente para supermercados. Isso acontece, principalmente com frutas e legumes.

Outra possibilidade, mas que só é viável para produtores que façam bons contatos comerciais, é a venda direta para os supermercados e restaurantes das grandes cidades. Com isso, o produtor rural encontra melhores preços e condições de recebimento da mercadoria vendida.

Quando o produtor rural não encontrar ajuda nas cooperativas da região, deve procurar outras, mesmo que mais distantes. Quando a cooperativa ficar mais distante do produtor, isso implicará num custo maior de transporte, que deve ser levado em consideração na planilha de custos, para que a produção continue economicamente viável.


Fonte:RuralNews

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Embrapa lança capim para recuperação de pastagens degradadas

Vegetação pode ser alternativa de forrageira para integração de lavoura e pecuária

Lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma variedade de capim é alternativa para a recuperação de pastagens no sistema integração lavoura-pecuária.

Denominada BRS Piatã, a vegetação possui elevado valor nutritivo para o gado e é indicada para solos de média e alta fertilidade. Nessas condições, o capim produz forragem de boa qualidade e com acúmulo de folhas, recuperando pastagens que sofreram degradação ao longo do tempo.

O Mato Grosso é um dos grandes produtores de carne bovina e o segundo exportador brasileiro do produto. Por conta disso, a Embrapa e a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) investiram no desenvolvimento da planta.

A nova cultivar tem alta taxa de crescimento e rebrota, além de resistência às cigarrinhas típicas das pastagens. Ela produz, em média, 9,5 toneladas por hectare de matéria seca, com 57% de folhas, sendo 36% dessa produção obtida no período seco.

O novo capim também possui florescimento concentrado nos meses de janeiro e fevereiro, o que o torna uma ótima opção para ser utilizado como pasto vedado para a seca.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Nutrição Vegetal : Resíduos orgânicos barateiam adubação

Nutrientes derivados da produção de suínos e aves têm preços que variam entre R$60 e R$90 por tonelada 
Por ser eficiente e mais barato, o uso de resíduos e fertilizantes orgânicos no sistema soja-milho safrinha tem sido uma opção para diversos agricultores, responsáveis até mesmo por atrair indústrias de carne para suas regiões. Com preços de comercialização que variam entre R$60 e R$90 por tonelada, os resíduos contêm nutrientes importantes, como fósforo e potássio, essenciais para a boa nutrição das plantas. Segundo Vinicius de Melo Benites, pesquisador da Embrapa Solos, vários resíduos podem ser utilizados no sistema soja-milho safrinha, mas devido ao custo, os mais promissores são os originados da produção de suínos e aves.
— Isso porque, no Brasil, existe certa proximidade entre as áreas que produzem milho e as que produzem suínos e aves. As indústrias de carne se aproximam das áreas produtoras de grãos por uma questão de logística — afirma o pesquisador.
De acordo com ele, é possível pensar na utilização do resíduo in natura ou em produtos gerados a partir dele. No caso do resíduo in natura, a quantidade a ser aplicada depende de análises que devem ser feitas no resíduo e no solo.
Quando falamos em camas de aviário, por exemplo, falamos em uma média de 2t a 4t. Os resíduos contêm todos os nutrientes da tabela periódica, principalmente os macronutrientes, mas também micronutrientes. No caso da cama de frango, ela é tem grande importância na parte de fósforo e potássio, nutrientes contidos no resíduo que rapidamente entram no sistema. O fósforo, mesmo existente nessa cama, demora um pouco mais para entrar no sistema — conta Benites.
Ele diz que, quando o assunto é dejetos de suínos, o principal componente é o potássio. Portanto, quando o produtor aplica esses dejetos, ele deve considerar o teor de potássio contido para saber qual a quantidade a ser aplicada.
Para aplicar os resíduos adequadamente, a primeira questão é se certificar sobre a sua origem. Tratando-se de um resíduo de boa qualidade, a primeira preocupação do produtor deve ser a forma de aplicação. No caso da cama de frango, é importante que o produtor tenha o equipamento adequado para a aplicação. Já no caso do dejeto líquido de suínos, o produtor deve ficar atento aos custos de aplicação, que podem exceder o próprio custo do produto — orienta.
A terceira preocupação, como explica o pesquisador, está ligada ao solo. Da mesma forma que o produtor usa fertilizantes, ele deve também fazer um acompanhamento constante da nutrição das plantas. Ele recomenda uma associação dos resíduos com alguma fonte mineral. O mais comum é a associação dos resíduos orgânicos com uma fonte mineral de fósforo para que eles se tornem mais balanceados.
O grande mérito dessa tecnologia é a redução de custos. Considerando o teor de 3% de nitrogênio, 3% de fósforo e 3% de potássio da cama, seu valor gira em torno de R$150 a R$180 por tonelada, dependendo de cada região. Já a cama, é normalmente comercializada com preços que variam entre R$60 e R$90 por tonelada — afirma.
Ainda segundo Benites, a aplicação é feita normalmente antes do verão. Para ele, essa é uma questão de logística, pois nessa época, o produtor tem seus equipamentos parados, o que gera ociosidade da mão-de-obra.
No entanto, tecnicamente falando, se o produtor aplicar os resíduos logo após a colheita da cultura de verão e antes do plantio da cultura da safra seguinte, a tecnologia se torna mais interessante. Isso porque a segunda safra é muito mais responsiva a esses resíduos do que a safra de verão — conta ele.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Alternativa aproveita dejetos de suínos

Cama sobreposta garante conservação ambiental, economia e rentabilidade em pequenas criações
Uma alternativa usada pela Embrapa Meio-Norte pode transformar dejetos suínos de pequenas criações em adubo orgânico. No Projeto Boa Esperança, realizado na Comunidade Brejão, em Antônio Almeida (PI), além tecnologias mais sustentáveis para a produção de suínos, é utilizada a cama sobreposta, que consiste em uma grande caixa feita de muretas de alvenaria onde são depositadas palhas ou outros materiais absorventes junto com os dejetos dos animais. Essa técnica garante a conservação ambiental, além de aumentar a rentabilidade e economia das pequenas propriedades.
Segundo Robério Sobreira, zootecnista da Embrapa Meio-Norte, na Comunidade Brejão, os suínos eram criados em mangueirões com grande quantidade de lama na época das chuvas. Essa lama era carreada para o riacho que corta a comunidade.

— A solução encontrada foi fazer algo barato e eficiente: um galpão de palha utilizando a cama sobreposta — conta o zootecnista.

Ele explica que, na medida em que os dejetos entram em contato com a palhada, eles desidratam sem a emissão de odor. Em determinado ponto, a caixa recebe uma nova camada de palhada e assim sucessivamente. Quando o ciclo é completado, a cama é retirada e destinada à compostagem, o que fornece um excelente material para a adubação orgânica.

— Para a realização da compostagem, é retirado um monte, que é periodicamente molhado. Para apressar ainda mais o processo, o produtor pode fazer o revolvimento desse material. Depois de até 60 dias, nas condições do Nordeste, o material adquire a aparência de húmus e pode ser utilizado — explica.

Sobreira diz que a cama sobreposta deve ser utilizada onde se tenha disponibilidade de materiais absorventes. Como benefícios, ela traz conforto e melhora a aparência dos animais, diminui a incidência de doenças, promove a economia de água, conserva o meio ambiente e aumenta a rentabilidade.

— No entanto, é preciso ressaltar que a cama sobreposta como melhor opção não é uma regra para a suinocultura, ou seja, cada situação tem suas particularidades. Em outras comunidades, um galpão nos padrões da suinocultura industrial pode ser mais eficiente e econômico — afirma.

Ainda de acordo com o entrevistado, o galpão construído no projeto comporta 25 animais, o que não impede que a tecnologia seja utilizada em uma escala maior, onde se comportaria até 100 animais de terminação.

— Estamos trabalhando com 2m de galpão por animal. Portanto, o galpão de 5m x 10m foi projetado para comportar 5 animais. Para obter o tamanho necessário para a terminação de qualquer outro lote, basta calcular a proporção — explica Sobreira.

Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Meio-Norte através do número (86) 3089-9100.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Mar de Aral: O primeiro desastre ecológico planejado da História


Mar de Aral: O primeiro desastre ecológico planejado da História



No final dos anos 50, a União Soviética planejou incrementar a sua produção agrícola nas repúblicas do Uzbequistão e Cazaquistão, transformando as áridas estepes da Ásia Central em férteis campos  de algodão, visando exportação.
Mar de Aral em 1985.

Para isto, fez uma pergunta que mostrou-se desastrosa: "O que traz mais benefícios econômicos, desviar os dois principais rios que desaguam na Mar de Aral para irrigação de plantações de algodão ou a atividade pesqueira e de lazer em suas margens ?"

A resposta dos tecnocratas do Planejamento Central foi que o metro cúbico de água desviado para a cultura de algodão seria mais rentável do que o metro cúbico de água despejado no Mar de Aral, mesmo que este desvio causasse a diminuição drástica daquele que na época era o quarto maior mar interior do planeta, com uma área de 68.000 km2, comparável ao tamanho do Uruguai.

E foi com estes cálculos em mãos que começou um grande projeto de desvio das águas dos rios Amu Darya e Syr Darya para irrigar as plantações uzbeques e cazaques.

A princípio o projeto foi muito bem sucedido, e o Uzbequistão multiplicou sua produção agrícola, tornando-se rapidamente o terceiro maior produtor mundial de algodão.


Porém, a ampliação de canais foi feita de forma indevida, permitindo grande evaporação e vazamentos, causando o primeiro ECOCÍDIO consciente da história.

O que os tecnocratas (
funcionário do governo que analisa os problemas levando em conta apenas a questão técnica, sem considerar outros aspectos) de Moscou previram foi que o Aral diminuiria progressivamente de tamanho, mas sem causar grandes danos climáticos ou à população. O tempo mostrou que eles não poderiam estar mais errados.


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 O que antes era o leito do mar transformou-se em um grande deserto de sal com altíssima concentração de pesticidas, que causam  vários tipos de problemas para a população que vive na região, e a pouca água que resta tem concentrações impensáveis de Sal. 

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 Apenas uma das 24 espécies de peixes que viviam em suas águas pode ser raramente encontrada, e das 173 espécies animais de suas margens restam apenas 38.

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 O clima também foi muito afetado. Devido a ausência da água, uma reguladora natural da temperatura, as médias do verão aumentaram 1,5 graus, e no inverno diminuíram na mesma proporção. Isto causa uma demanda adicional por água para as culturas, que contribuem ainda mais para o esvaziamento do Aral, e por outro lado diminuíram o ciclo de plantação, diminuindo a produtividade.

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Hoje os danos são tão grandes que não há mais esperanças para o Mar de Aral. Basta comparar as fotos de satélites tiradas ao longo das últimas décadas para ter um idéia do avanço da desertificação do Mar de onde eram tiradas mais de 48.000 toneladas anuais de pescado, e que desde 1982 é inexistente.
Que esta tragédia sirva de lição para os países que continuam buscando o desenvolvimento econômico sem pensar nos danos ao meio ambiente, como a China, Índia, Brasil e alguns países africanos. No fim, a natureza sempre cobra suas dívidas com juros!